Síndrome metabólica: Entenda o que é e como se faz o tratamento

Você já ouviu falar de síndrome metabólica? O termo descreve um conjunto de condições que podem aumentar as chances do desenvolvimento de cardiopatias.

Em meados da década de 80, o pesquisador Gerald Reaven observou que doenças como hipertensão, alterações na glicose e colesterol estavam frequentemente associadas à obesidade. Essas condições também são responsáveis pelo agravamento de doenças cardiovasculares.

O elo comum entre essas patologias é a resistência insulínica. Isso é, a ação da insulina no corpo é dificultada, causando o aparecimento dos sintomas. A insulina é um importante hormônio, responsável por retirar a glicose do sangue e levá-la às células, onde é necessária para produção de energia. Além disso, também contribui para o metabolismo das gorduras e outros processos de regularização no corpo humano.

O que é síndrome metabólica?

A síndrome metabólica se refere a um conjunto de patologias ou fatores de risco que se manifestam no paciente. Essas condições aumentam as chances de desenvolver doenças cardiovasculares e diabetes, além de aumentar o risco de acidente cardiovascular (AVC) e certos tipos de câncer.

Infelizmente, ainda não existe um critério aceito universalmente para definir a síndrome metabólica. Hoje, os mais aceitos são o da Organização Mundial de Saúde (OMS) e o do National Cholesterol Education Program (NCEP). No Brasil, dispomos do Consenso Brasileiro de Síndrome Metabólica, documento referendado por diversas entidades médicas.

Pelos critérios brasileiros, a Síndrome Metabólica é caracterizada quando três dos cinco critérios abaixo estão presentes:

  • Obesidade central: isso é, quando a circunferência da cintura é superior a 88cm em mulheres e a 102cm em homens.
  • Hipertensão arterial: pressão arterial sistólica maior ou igual a 130 e/ou pressão arterial diastólica maior ou igual a 85 mmHg.
  • Glicemia alterada ou diagnóstico de diabetes.
  • Alterações nos níveis de triglicerídeos.
  • Alteração nos níveis de colesterol.

Resistência à insulina

Como explicamos, as condições que caracterizam a síndrome metabólica estão ligadas à resistência do corpo à insulina. Esse é um fenômeno marcado pela dificuldade ou incapacidade das células de retirar a glicose da circulação.

Além de um componente da síndrome metabólica, esse sintoma também é um pré-requisito para o diagnóstico de diabetes tipo 2 ou não insulino-dependente.

Dislipidemia: Aumento do colesterol e triglicérides

O aumento do LDL, um dos tipos de colesterol presentes no corpo humano, pode indicar inflamações ou a formação de placas no interior das artérias. Essas placas se consolidam a ponto de dificultar ou impedir a passagem do sangue nestes locais. Os triglicérides também contribuem para o problema.

Hipertensão arterial

Condições como a formação de placas nas artérias, presença de triglicérides e colesterol elevada e estreitamento dos vasos sanguíneos são alguns exemplos dos fatores que podem contribuir para o aumento da pressão arterial.

A pressão alta pode trazer inúmeras complicações para o paciente, incluindo a formação de trombos (coágulos). Ela se dá quando a alta pressão do sangue faz com que as placas de gordura se desprendam das paredes das artérias, dando origem às massas, que podem viajar e entupir artérias no coração ou cérebro.

Quando procurar um médico?

Se você suspeita que pode ter síndrome metabólica, é importante procurar um cardiologista o quanto antes.

Vale lembrar: é muito importante manter seus exames de rotina em dia. Dessa forma, as condições que compõe a síndrome metabólica podem ser identificadas cedo, ou ainda antes de se consolidarem. A melhor via de tratamento é a prevenção. Assim, não negligencie suas consultas médicas de rotina, e não deixe de se alimentar corretamente e manter um estilo de vida ativo.

Quando as condições que configuram síndrome metabólica já estão presentes, é de extrema importância procurar orientação médica. Isso porque essa síndrome está associada ao aumento do risco de eventos cardiovasculares.

Seu médico cardiologista poderá orientá-lo em relação ao tratamento dos componentes da síndrome. Dependendo do caso, isso pode significar apenas correções em hábitos diários, como o ajuste da dieta e início da prática de exercícios físicos. Em outras situações, o uso de medicamentos pode ser necessário.

Como é o tratamento para Síndrome Metabólica

A grande parte dos casos de síndrome metabólica podem ser tratados simplesmente com mudanças no estilo de vida do paciente. Veja os principais fatores:

  • Alimentação: é importante ter uma dieta equilibrada e saudável. Para reverter um caso de pré-diabetes ou início de hipertensão, seu médico poderá fazer recomendações envolvendo a moderação do consumo de gordura, sódio, açúcar, álcool e carboidratos.
  • Exercícios: atividades aeróbicas, como caminhada e corrida, são essenciais para a saúde do sistema cardiovascular. Mas atenção: siga as recomendações médicas se você já tem alguma cardiopatia. O ideal é começar aos poucos.
  • Qualidade do sono: dormir mal causa inúmeros problemas de saúde, e pode piorar a condição de processos inflamatórios. Da mesma forma, o estresse excessivo pode causar os mesmos problemas.
  • Tabagismo: fumar é um risco para sua saúde como um todo. A síndrome metabólica também é agravada pelo uso do tabaco.

Em alguns casos, também são utilizados medicamentos. Por exemplo, para controlar a hipertensão ou níveis de glicose no sangue. Os medicamentos podem ser uma solução temporária, que ajudam o paciente até que as mudanças de hábitos ajustem o organismo. Ou, no caso de condições crônicas, como diabetes, podem continuar por tempo indeterminado.

Em conclusão: Hábitos de vida saudáveis são seus maiores aliados

Quando o assunto é sua saúde, a prevenção é sempre o melhor caminho. Isso é, não espere ter problemas para corrigir hábitos que potencialmente contribuem para o desenvolvimento de cardiopatias.

Uma dieta balanceada, uma rotina de exercícios e um ciclo de sono ajustado já fazem maravilhas pela preservação de sua saúde.

Claro, não deixe também de acompanhar os níveis de glicose, insulina, colesterol e triglicérides com seus exames de rotina. O exame físico com aferição da pressão arterial e um simples exame de sangue podem ajudar a diagnosticar problemas ainda em formação. Dessa forma, a intervenção médica é mais simples e reverter o quadro se torna muito mais fácil.

Tenha em mente que as condições que configuram a síndrome metabólica são vilões silenciosos. Isso é, os sintomas não aparecem até que o problema esteja em estados bastante avançados. Assim, fazer exames de prevenção é essencial.

O acompanhamento do sistema cardiovascular deve ser feito periodicamente. Assim, mesmo que você não tenha nenhuma doença cardíaca ou sintoma, essa especialidade precisa estar incluída nos seus exames de rotina.

Para homens a partir dos 45 anos e mulheres a partir dos 50, o acompanhamento deve ser anual, mesmo sem nenhum sintoma ou histórico de doenças cardiovasculares na família. Pessoas que praticam exercícios físicos ou esforço regularmente também devem fazer o acompanhamento.