Relógios inteligentes: como eles podem se aliar à medicina de precisão

Os relógios inteligentes – também conhecidos como sendo um tipo de wearables, ou dispositivos vestíveis, em português – são relógios computadorizados, que possuem funcionalidades que vão muito além de mostrar as horas.

Em relação a medicina de precisão, estes aparelhos podem coletar dados de origem fisiológica, que podem ser armazenados em plataformas, e assim se aliarem a outros dados médicos, conferindo uma grande base de dados de um mesmo paciente em um só lugar.

Além de relógios, outros objetos como pulseiras, patches aderentes eletrônicos, óculos e plugs de ouvido, já possuem suas versões “inteligentes”, e o mercado e suas funcionalidades e possibilidades de uso não param de crescer.

Como os relógios inteligentes podem melhorar sua saúde

A junção da tecnologia dos dispositivos vestíveis com a inteligência artificial pode ser de grande ajuda na área médica, mas você sabe as aplicações destas tecnologias na área da saúde? Ou até mesmo como utilizar tais recursos no seu dia a dia?

De maneira simplificada, o uso dos relógios de precisão na medicina funcionam a partir da coleta de dados – como os batimentos cardíacos, por exemplo – com uma análise e interpretação de tais dados a partir de algoritmos, oferecendo assim informações claras e objetivas para a pessoa utilizando o relógio.

Além dos batimentos cardíacos, estes dispositivos vestíveis podem coletar outros tipos de dados. A qualidade do sono, os níveis de estresse e ansiedade, a temperatura corporal e até mesmo os dias em que a ovulação ocorrerá, são apenas alguns exemplos do que pode ser coletado e/ou interpretado por tais tecnologias.

Como as opções de abordagens dos relógios inteligentes na saúde são amplas, vamos a seguir destrinchar seus principais usos.

Saúde do sistema cardiovascular

A detecção dos batimentos cardíacos é a opção de uso mais avançada dos relógios inteligentes para os cuidados com a saúde. Tal utilização pode inclusive salvar a vida de pessoas com doenças cardiovasculares ou com comorbidades que aumentem sua chance de ocorrência.

Além dos batimentos cardíacos, algumas deformações e mal funcionamento das câmaras do coração também já podem ser detectadas com a ajuda de tais tecnologias.

Assim, uma pessoa que estiver utilizando um relógio inteligente, e for avisada por ele de alguma alteração de origem cardiovascular, pode procurar um pronto socorro antes mesmo de apresentar algum sintoma físico.

Ovulação e saúde menstrual

Em relação ao ciclo menstrual, os dispositivos inteligentes podem ajudar no monitoramento das etapas do ciclo. O que pode ser útil, por exemplo, para mulheres que queiram engravidar, ou até mesmo que estejam grávidas e queiram ter informações mais consistentes sobre sua saúde no dia a dia.

De maneira geral, tais informações podem ser adquiridas por meio dos batimentos cardíacos, da temperatura corporal e entre outras possíveis mudanças fisiológicas.

Saúde mental

Outra utilização desses relógios pode ser em relação à saúde mental. Esta abordagem pode ser considerada a partir de algumas funções fisiológicas, que costumam apontar para o humor e estado mental das pessoas, como a frequência cardíaca e a temperatura corporal.

Porém, há muitos profissionais da saúde mental que possuem um pé atrás em relação ao uso destas tecnologias para monitorar os níveis de estresse ou de ansiedade, por exemplo. E é sempre importante ressaltar que o uso de qualquer tecnologia não substitui ajuda psiquiátrica e psicoterapêutica.

Saúde e bem estar dos pulmões

A principal aplicação destas novas tecnologias à saúde pulmonar está na realidade associada aos sons produzidos pelas nossas vias aéreas. Tal monitoramento não ocorre com os relógios inteligentes propriamente ditos, mas com sensores que podem ser utilizados na região do peito, e capta barulhos anormais, podendo detectar diferentes anomalias e problemas nos pulmões e vias respiratórias.

Análises clínicas a partir de relógios inteligentes

Agora, a questão que fica é: seria possível que os relógios inteligentes fossem um passo adiante, e começassem a prever resultados de análises clínicas sem a necessidade de métodos invasivos?

Um estudo realizado na universidade de Standford – que foi transformado em matéria pela própria universidade, e pode ser lida na íntegra aqui – apontou para a possibilidade de uso dos relógios inteligentes para prever o resultado de exames de sangue.

De maneira simplificada, o que foi descoberto é que os sinais fisiológicos que são captados por estes relógios podem ser traduzidos e oferecerem informações que antes só eram possíveis a partir de exames. Por exemplo, foi descoberto que alterações na frequência cardíaca podem prever alterações na quantidade de glóbulos vermelhos e de hemoglobina no sangue.

Desta forma, estes aparelhos poderiam ser utilizados para prever resultados de exames de sangue simples em um futuro próximo. O que poderia ser muito útil em processos de recuperação pós-operatória, por exemplo.

A linha entre a tecnologia e o papel dos profissionais da saúde

Ademais, por mais que a tecnologia esteja avançando, e que os relógios inteligentes possuam o potencial de salvar vidas – principalmente em relação à saúde cardiovascular – o seu uso não substitui consultas e apoio de origem médica.

É importante ressaltar que estes aparelhos tecnológicos de uso pessoal não são equipamentos médicos, e não realizam diagnósticos.

Ou seja, são ferramentas que podem ter ótimos resultados no controle de sinais fisiológicos e no apoio de tratamentos e em cuidados pós-operatórios, mas não substituem o papel de um médico, de um enfermeiro ou de um biomédico.