A cardioncologia ainda é pouco difundida no Brasil. A avaliação da prevenção e do impacto da cardiotoxicidade, efeitos da terapia oncológica sobre o coração, ainda é restrita no nosso país.
Segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), a América Latina pode vivenciar um aumento de mais de 90% em novos casos de câncer até 2035, devido a fatores como o envelhecimento e o crescimento da população.
Ainda mais, consensos internacionais apontam, que aproximadamente 30% dos pacientes que conseguiram sobreviver ao câncer, deverão apresentar algum grau de cardiotoxicidade, ou seja, algum tipo de problema na área cardiológica. Por isso a importância desta especialidade chamada de cardioncologia.
Devido a isso, preparamos esta matéria para esclarecer a importância e os benefícios do acompanhamento do cardioncologista aos pacientes oncológicos antes, durante e após tratamento. Possibilitando esclarecer com maiores informações sobre esta especialidade ainda pouco difundida.
Espero que gostem, e boa leitura!
Qual a importância do acompanhamento do cardioncologista?
A cardioncologia é uma especialidade que compõe uma equipe multidisciplinar, também conhecida como cardiologia oncológica, e tem como foco os cuidados com doenças cardiovasculares que podem acometer pacientes com câncer antes, durante e depois do tratamento.
O acompanhamento com o cardioncologista, possibilita maior chance da detecção de uma cardiotoxicidade e uma rápida intervenção, a fim de não alterar o planejamento e o protocolo oncológicos.
A cardioncologia, então, também atua no planejamento individual de intervenções oncológicas para pacientes que já possuem uma cardiopatia.
No entanto, complicações cardiovasculares estão frequentemente associadas aos quimio, radio e imunoterápicos. Infelizmente, estes tratamentos são bastante agressivos para todo o organismo.
Dessa forma, é importante acompanhar o paciente de forma integral durante o tratamento contra o câncer, focando na prevenção dessas complicações. Assim, é possível proporcionar maior qualidade de vida ao paciente oncológico.
Importante abordar que, além da prevenção e acompanhamento do surgimento de complicações durante o tratamento, também vale destacar: É fundamental desmistificar a visão de que a doença cardíaca impossibilita o tratamento ao câncer e vice-versa.
Abordagem multidisciplinar
Não faz muito tempo, testemunhamos o surgimento de diversos possíveis caminhos no tratamento contra o câncer. Com os avanços constante nas áreas da medicina e tecnologia, a tendência é que cada vez mais tratamentos utilizem uma abordagem multidisciplinar.
Segundo um estudo realizado pela Revista Brasileira de Cancerologia, os tratamentos modernos oferecem maior chance de cura, maior sobrevida e aumento na qualidade de vida para um número grande de pacientes em todas as faixas etárias.
Já um relatório da American Cancer Society (ACS) apontou que novos tratamentos ajudaram na redução da taxa de mortalidade nas últimas duas décadas.
No entanto, alguns dos agentes utilizados nessas terapias ainda aumentam o risco de complicações cardiovasculares.
Além disso, é muito comum que pacientes que precisam dar início aos tratamentos contra o câncer já possuam algum tipo de cardiopatia ou mesmo fatores de risco para doenças cardiovasculares. Por isso, uma abordagem multidisciplinar incluindo a cardioncologia é de extrema importância.
Através da avaliação personalizada do caso do paciente, é possível criar um planejamento de tratamento que diminua os riscos para o indivíduo. Além de uma intervenção mais efetiva contra o câncer, a qualidade de vida do paciente aumenta.
Quais os benefícios do tratamento com o cardioncologista?
O tratamento com o acompanhamento de um cardioncologista tem vários benefícios. Dentre eles, podemos nos certificar que as intervenções contra o câncer sejam mais seguras para o paciente. Além disso, previne o desenvolvimento de complicações cardiovasculares decorrentes do tratamento e monitora pacientes que apresentam maior risco de cardiotoxicidade.
O mais importante é que, o paciente pode ser tratado das possíveis complicações cardiovasculares que possam surgir e juntamente a isso, o paciente é orientado quanto às mudanças de hábitos de vida, visando reduzir o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Ainda mais, em alguns casos, esse profissional poderá recomendar o uso de certos medicamentos a serem usados em paralelo a terapia contra o câncer.
Quando buscar um cardioncologista?
O encaminhamento para a cardioncologia deve ser realizado habitualmente, assim que o diagnóstico oncológico é realizado. Isso porque, o ideal é avaliar as condições cardiovasculares atuais do paciente antes mesmo de discutir os tratamentos. Afinal, o estado de saúde e capacidade funcional são fatores importantes que devem ser considerados no plano de intervenção traçado pelo oncologista.
Alguns quimioterápicos podem danificar o coração, o que pode resultar em um quadro de insuficiência cardíaca. Ainda, a radioterapia aplicada na região do tórax também pode comprometer o órgão, aumentando as chances de doença aterosclerótica coronariana e infarto do miocárdio.
Além disso, pessoas que já têm problemas cardiovasculares devem sempre consultar esse profissional antes de dar início nos tratamentos contra o câncer.
Vale lembrar: alguns pacientes não apresentam nenhum sintoma, mas possuem doenças no sistema cardiovascular. Problemas como pressão alta, por exemplo, são frequentemente assintomáticos. Dessa forma, o acompanhamento de rotina com um cardiologista é essencial para garantir sua saúde.
Mesmo quando já tem alguma doença cardíaca, o paciente não deve deixar de receber medicações e procedimentos contra o câncer. As pesquisas recentes deixam claro: o tratamento se torna mais eficaz todos os dias, e vencer o câncer é possível, mesmo com comorbidades.
Prevenção é a melhor estratégia!
Quando o assunto é sua saúde, a prevenção é sempre o melhor caminho. Isso é, não espere ter problemas para corrigir hábitos que potencialmente contribuem para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Mas, você sabia que os fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e do câncer são muito parecidos? A hipertensão, diabetes, obesidade, sedentarismo, tabagismo, são sinais de alerta para quem suspeita de qualquer uma delas.
Além disso, vale à pena ficar de olho em fatores genéticos, isso é, no histórico familiar com essas doenças. Se alguém na sua família teve câncer ou passou por eventos cardiovasculares sérios (infarto e AVC, por exemplo), é essencial começar o acompanhamento anual com o cardiologista o quanto antes.
A estratégia de tratamento contra o câncer será alterada em caso de doença cardiovascular. Da mesma forma, o tratamento de um paciente cardiopata é afetado se ele receber um diagnóstico de câncer.
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Concluindo, o papel do cardioncologista é avaliar os prós e contras de cada opção de intervenção. Assim, a escolha do tratamento é realizada de forma mais segura e assertiva. Seu médico sempre terá em mente o melhor para sua saúde e bem-estar. Por isso, conte com um profissional de confiança nesse momento.
Espero que tenha gostado e esclarecido as suas dúvidas sobre a cardioncologia. Siga o nosso blog!!! Pois sempre traremos matérias e avanços sobre o assunto, e temas relacionados a saúde, prevenção e cuidados com o coração.
Até a próxima!