A avaliação de risco cirúrgico é um passo fundamental no processo de preparação do paciente para a cirurgia.
O cardiologista sempre terá como prioridade o bem-estar, saúde e segurança de seus pacientes. A cirurgia cardíaca trata-se de um procedimento complexo. Assim, é fundamental entender que a recomendação de intervenção cirúrgica não é realizada sem muita consideração.
A avaliação de risco cirúrgico é importantíssima para tornar o processo mais seguro. Um acompanhamento adequado ajuda, inclusive, a promover uma recuperação mais tranquila no pós-operatório.
Vale destacar: a avaliação de risco cirúrgico é obrigatória em procedimentos que não envolvem o sistema cardiovascular. Isso porque eventos cardiológicos, como infartos, são os maiores responsáveis por mortes em procedimentos cirúrgicos eletivos.
É natural que surjam dúvidas e receios quando seu médico recomenda uma intervenção cirúrgica. Pensando nisso, criamos esse artigo para que você entenda melhor o que é risco cirúrgico e como a avaliação funciona.
Se você quer aprender mais sobre o procedimento de avaliação de risco cirúrgico, leia também esse outro artigo em nosso blog.
Como se classifica o risco cirúrgico?
A avaliação de risco cirúrgico considera dados obtidos com a avaliação clínica e laboratorial do paciente. O objetivo é determinar se os riscos envolvidos com o procedimento cirúrgico são superados pelos benefícios para o paciente.
Todo procedimento cirúrgico envolve algum grau de risco. Fatores como o tipo de cirurgia, histórico médico e o estado de saúde atual do paciente podem aumentar ou reduzir a complexidade dessa intervenção.
Através dos exames realizados no processo de avaliação de risco, a equipe multidisciplinar responsável pode se preparar e orientar o paciente de forma mais assertiva e eficaz.
Considerando dados de exames complementares, análise das condições de saúde, histórico e hábitos do paciente, o médico cardiologista irá classificar o risco cirúrgico. Uma das escalas mais utilizadas para tal é a ASA, escala da American Society of Anesthesiologists (Sociedade Americana de Anestesiologia).
Além da ASA, que é uma escala bastante simplificada, existem outros sistemas de classificação de risco. Normalmente, a metodologia é escolhida com base nos objetivos da avaliação e informações disponíveis para a equipe multidisciplinar.
Etapas da avaliação de risco cirúrgico
A consulta para avaliação de risco cirúrgico acontece de maneira muito parecida com qualquer outra consulta médica. A seguir, veja os passos que o cardiologista irá seguir para entender melhor a condição do paciente:
Exame clínico
O primeiro passo do processo de avaliação do risco cirúrgico é a coleta de dados com o paciente. O cardiologista fará perguntas para entender melhor o histórico do paciente, incluindo doenças hereditárias presentes na família, alergias, medicamentos de uso contínuo, dentre outros.
Essa entrevista detalhada busca levantar informações sobre o histórico médico, medicamentos utilizados, sinais e sintomas de patologias cardíacas ou pulmonares já presentes, por exemplo.
Com base nos dados obtidos, o cardiologista irá encaixar o paciente em uma das classificações ASA:
- ASA 1: paciente saudável, sem sintomas de qualquer doença.
- ASA 2: paciente com doenças brandas como diabetes controlado e sobrepeso.
- ASA 3: paciente com patologias mais graves, não incapacitantes: arritmia, cirrose, insuficiência cardíaca.
- ASA 4: paciente com doença incapacitante, com risco de morte: insuficiência cardíaca, dos pulmões ou rins.
- ASA 5: paciente em estado terminal, com expectativa de vida menor que 24 horas.
- ASA 6: paciente com morte cerebral declarada e que terá os órgãos doados.
Ainda, essa escala pode incluir o identificador “E”, utilizado para designar a urgência da intervenção cirúrgica.
Tipo de Cirurgia
O risco de um procedimento é maior ou menor de acordo com o tipo de cirurgia e local da intervenção. Por exemplo, procedimentos que envolvem locais mais profundos do corpo, ou órgãos vitais, recebem uma classificação de risco maior.
A classificação nessa etapa acontece da seguinte forma:
- Baixo: endoscopia, colonoscopia e cirurgias mais superficiais, como de olhos e pele.
- Intermediário: cirurgia ortopédica, do tórax, cabeça ou cardíacas.
- Alto: procedimentos de emergência, de vasos sanguíneos grandes como carótida ou aorta.
Risco Cardíaco
Esse índice representa o risco de eventos cardíacos, como infartos ou acidentes vasculares cerebrais, durante ou após a cirurgia. Existem diversas metodologias que podem ser utilizadas para mensurar a possibilidade de complicações.
Um exemplo é o índice Risco Cardíaco Revisado de Lee. O risco cirúrgico, nesse caso, é calculado de acordo com os seguintes dados:
- Tipo de cirurgia que será realizada;
- Idade do paciente (maior risco a partir dos 70 anos);
- Histórico de infarto do miocárdio, dor no peito ou angina, arritmia, insuficiência cardíaca ou estreitamento de vasos;
- Presença de doença cerebrovascular previa, como acidente isquêmico cerebral ou acidente isquêmico transitório;
- Diabetes;
- Insuficiência renal.
Exames laboratoriais
Os exames laboratoriais são importantes para coletar dados mais específicos sobre o estado de saúde atual do paciente. No geral, os exames solicitados para a avaliação de risco cirúrgico incluem:
- Exame de sangue: verifica a presença de anemia, infecções em atividade, o funcionamento do fígado e rins, coagulação, nível de açúcar, entre outros;
- Urina: foco no funcionamento dos rins e procura por indícios de infecção;
- Radiografía de tórax: para avaliar as condições dos pulmões;
- Eletrocardiograma: busca por alterações cardíacas;
- Teste ergométrico: conhecido também como eletrocardiograma de esforço, é muito bom para testar a capacidade funcional do paciente.
- Teste cardiopulmonar: combina um teste ergométrico convencional (esteira) com a análise do ar respirado pelo paciente durante o esforço físico, sendo uma avaliação importante para pacientes que serão submetidos a cirurgias torácicas e abdominais.
Ajustes pré-operatórios
Finalmente, com todos os dados em mão, seu cardiologista irá recomendar ajustes com o objetivo de reduzir o risco do procedimento cirúrgico.
Nessa etapa, podem ser requisitados exames mais específicos e aprofundados. Além disso, o médico poderá fazer indicações que incluem:
- Realizar atividades físicas;
- Perder peso;
- Parar de fumar;
- Evitar bebidas alcoólicas e outras drogas;
- Manter uma alimentação saudável.
Claro, essas mudanças de hábito que reduzem o risco da intervenção cirúrgica são inviáveis em casos emergenciais. Isso é, quando a cirurgia precisa ser realizada com urgência.
Seguir as orientações do seu cardiologista é essencial para aumentar a segurança da cirurgia
Como você aprendeu, toda intervenção cirúrgica envolve riscos. Mas é importante lembrar que sua equipe de médicos tem como prioridade sua saúde e segurança. Por isso, é fundamental seguir as orientações à risca.
Durante as consultas de avaliação de risco cirúrgico, busque esclarecer todas as suas dúvidas. Isso ajuda a compreender as recomendações e seguir as orientações com precisão. Além disso, também é importante para que você se sinta mais tranquilo e seguro sobre o procedimento em si e também o que esperar no período pós operatório.
Lembre-se: a prevenção ainda é a melhor política quando o assunto é sua saúde. Realize o acompanhamento de rotina com um cardiologista.