Vivemos uma era de incríveis avanços na tecnologia e ciência. O mundo está mudando muito rápido, e a medicina está na vanguarda desse desenvolvimento.
As melhorias no setor de saúde vão muito além de ferramentas mais precisas e pesquisas mais claras, no entanto. Hoje, a medicina caminha para uma abordagem mais individualizada e com foco no paciente como um todo.
Uma das mais significativas influências nesse novo escopo é a medicina de precisão.
Se quiser aprender mais sobre o termo e o que ele significa, você pode ler esse outro artigo que publicamos.
Em resumo, a medicina de precisão é uma abordagem de tratamento mais personalizada. Isso é possível graças à análise do perfil genético do paciente, com o apoio de métodos tradicionais de diagnóstico como exames e observação clínica. Dessa forma, o profissional médico é capaz de indicar tratamentos mais eficazes e individualizados, levando em conta o contexto completo.
Como a medicina de precisão beneficia o paciente?
É sempre importante ressaltar que cada organismo é único. Assim, dois pacientes com quadros clínicos muito parecidos podem reagir de maneiras distintas a um mesmo tratamento. Isso porque, ainda que com o mesmo diagnostico e sintomas, o perfil genético dos dois pacientes é único.
Fatores genéticos podem ser a diferença entre uma ótima resposta ao tratamento ou o aparecimento de efeitos colaterais. Assim, considerar o genoma durante o planejamento da intervenção médica aumenta a eficácia e segurança do tratamento.
Exames, observação clínica e o histórico do paciente não deixam de ser dados importantes. A ideia é ir além das informações mais básicas, coletadas na medicina tradicional. Isso garante uma visão médica mais detalhada, individualizada e completa da situação.
Além disso, avanços na tecnologia de inteligência artificial tornam a personalização de tratamentos ainda mais rápida. É possível cruzar dados em segundos, determinando:
- Quais drogas são mais eficientes para determinado paciente;
- Quais são menos tóxicas;
- A sua dosagem ideal;
- O tempo médio de tratamento.
Como a medicina de precisão funciona, na prática?
O pilar mais importante na medicina de precisão está na coleta de dados referentes ao perfil genético dos pacientes. Isso porque o sequenciamento e alterações no genoma podem ter influência direta sobre a eficácia dos tratamentos e desenvolvimento de efeitos colaterais.
Assim, compreender as características apresentadas no sequenciamento genético dos pacientes é essencial para que especialistas determinem o melhor curso de tratamento. Ainda, essa é a chave para a criação de novos métodos, mais personalizados e assertivos.
Além da análise genética, a medicina de precisão também envolve a coleta de dados ambientais que podem influenciar o genoma. Por exemplo, o metaboloma (composição de todas as moléculas presentes em um organismo) e o microbioma (conjunto de pequenos organismos que vivem no corpo humano, como bactérias e vírus).
Esses dados podem ser coletados através de exames laboratoriais específicos, e serão analisados em conjunto com outras informações do paciente. Isso é, histórico familiar, descrição de sinais e sintomas, análise clínica e testes laboratoriais tradicionais.
A importância de uma medicina mais integrada
A tendência é que, cada vez mais, a atenção à saúde se torne mais plena, integrada e efetiva.
A medicina de precisão é um passo em direção a essa mudança. A prioridade progressivamente deixa de ser o tratamento de doenças, se tornando a prevenção, bem-estar e qualidade de vida.
Aliada à implementação de equipes multidisciplinares e integração de dados, com o apoio da tecnologia, abre caminho para uma abordagem de medicina mais ampla.
O Papel da Medicina de Precisão na Saúde Preventiva
Os estudos genéticos podem desempenhar um importantíssimo papel na prevenção da saúde e aumento da qualidade de vida.
Um exemplo bastante emblemático é o caso da atriz Angelina Jolie, que decidiu realizar o procedimento de mastectomia após descobrir uma mutação genética no gene BRCA-1, associada a um alto risco de câncer de mama.
Claro, nem todas as medidas preventivas tomadas com base na medicina de precisão serão tão drásticas. Por exemplo, a mudança de hábitos pode prevenir o aparecimento de doenças cardiovasculares e a realização de exames de acompanhamento mais específicos pode permitir o diagnóstico precoce.
Além disso, a análise do genoma também permite a identificação de patologias raras, o que pode levar meses ou até anos em outras circunstâncias.
Em Conclusão: A medicina de precisão representa o futuro da saúde
Ainda em seus primeiros passos, a medicina de precisão ainda precisa de tempo para se estabelecer como um padrão na abordagem de saúde pública. Infelizmente, os procedimentos genéticos ainda são relativamente limitados. Além disso, a tecnologia de Inteligência Artificial ainda precisa se desenvolver e se tornam mais amplamente acessível.
A acessibilidade desses recursos, entretanto, tende a ser cada vez maior. A tendência é que os conhecimentos associados à medicina de precisão passem a ser exigidos dos profissionais de saúde e, assim, progressivamente aplicados no dia a dia dos pacientes.
As implicações da coleta de dados genéticos são grandes, e se estendem além do mundo da medicina. É preciso que uma estrutura de banco de dados, segurança da informação e legislações acompanhem o desenvolvimento da tecnologia.
No Brasil, ainda existem poucas pesquisas sobre o assunto. A Associação Brasileira de Medicina Personalizada e de Precisão foi criada em 2017, sendo recente em comparação a outras instituições similares.
Assim, podemos esperar uma mudança lenta, mas constante, em direção a esse futuro. O primeiro e mais importante passo é ter como foco o cuidado integral e personalizado do indivíduo. Essa responsabilidade cai sobre os profissionais de saúde, que já devem estar preparados para essa evolução.