Aplicações do teste cardiopulmonar na medicina preventiva e diagnóstica

Hoje o teste cardiopulmonar é uma das mais importantes ferramentas prognósticas para pacientes cardiopatas, pneumopatas e oncológicos. Trata-se de um exame capaz de oferecer aferições mais precisas sobre as funções cardiovasculares, respiratórias e muscular dos pacientes.

Popularizado pela medicina do esporte, esse é, atualmente, o principal aliado no diagnóstico diferencial de diferentes patologias. Ainda, trata-se de um valioso recurso para a avaliação pré e pós-operatória, individualização da rotina de exercícios e diversas outras aplicações.

O que é teste cardiopulmonar?

O teste cardiopulmonar, ou TCPE, nada mais é do que um exame que combina um teste ergométrico convencional (esteira) com a análise do ar respirado pelo paciente durante o esforço físico. Esses dados adicionais permitem ao médico a realização de um diagnóstico mais preciso.

O uso de uma máscara facial durante o exame ergométrico possibilita a medição direta da capacidade ventilatória e cardiocirculatória, consumo de oxigênio e produção de gás carbônico durante o esforço físico. Dessa forma, esse se torna um teste mais preciso, diminuindo margens de erro que não podem ser toleradas no caso de pacientes portadores de cardiopatia ou pneumopatia.

A presença de mais variáveis facilita o diagnóstico diferencial. Além disso, permite ao médico a prescrição de exercícios físicos de maneira segura para pacientes com capacidade cardíaca ou pulmonar comprometidas.

A seguir, falaremos sobre algumas das aplicações mais frequentes do teste cardiopulmonar:

Avaliação da dispneia (falta de ar)

Dispneia é o termo médico para o que chamamos de falta de ar ou dificuldade para respirar. Esse problema pode ter diversas causas e níveis de severidade. Por isso, é necessário contar com exames como o TCPE para o diagnóstico, além do seguimento clínico e avaliação da eficiência do tratamento empregado.

Pacientes normalmente descrevem dispneia como sensação de aperto no peito ou sufocamento. Esse pode ser um sintoma de doenças pulmonares ou cardiovasculares e, por isso, é importante investigar.

O teste cardiopulmonar avalia o consumo pico de oxigênio durante o exercício físico, além de outras variáveis importantes.

O TCPE permite ao médico investigar as interações entre o sistema muscular, cardiovascular e pulmonar. Por exemplo, a relação entre o pico de consumo de oxigênio e a frequência cardíaca estima a capacidade do aumento da contração muscular do ventrículo esquerdo no esforço. Isso significa que picos reduzidos podem indicar pacientes com maior risco cardiovascular.

Outros sintomas que podem indicar problemas cardiovasculares, quando associados a dispneia são: taquicardia, hipertensão, hipotensão, tonteiras, desmaios, falta de apetite e inchaço dos membros inferiores (edema).

Prescrição de exercícios físicos para todos

Um plano individualizado de exercícios físicos é extremamente importante para pacientes cardiopatas e pneumopatas. Através do teste cardiopulmonar, o médico tem acesso a todas as informações que precisa para prescrever um regime de exercícios que ajude o paciente a viver uma vida mais saudável, sem exceder seus limites ou agravar o risco de patologias.

No entanto, a utilidade do teste cardiopulmonar para a prescrição de exercícios não para aí. Esse teste também é uma ferramenta valiosa para tornar o treino de atletas de alta performance mais eficaz. Além disso, pessoas saudáveis, no geral, também podem se beneficiar amplamente de um planejamento individualizado de exercícios físicos.

Acompanhamento de pacientes que retiraram parte do pulmão

Pacientes oncológicos, infelizmente, muitas vezes precisam passar por cirurgias invasivas durante a luta contra o câncer. No caso de remoção parcial do pulmão e no acompanhamento de pacientes em tratamento quimioterápico ou radioterápico, é fundamental avaliar a capacidade cardiopulmonar de maneira precisa.

Assim, o teste ergométrico tradicional não é suficiente para o acompanhamento adequado. Isso porque, por usar fórmulas para estimar o consumo de oxigênio, suas margens de erro podem chegar até em 30%. Essa é uma imprecisão que não pode ser tolerada em casos tão delicados.

Avaliação pré e pós-operatória em transplantes ou pacientes cirúrgicos

Atualmente, o teste cardiopulmonar já é um padrão para o acompanhamento de candidatos a transplante cardíaco ou pulmonar. O TCPE é fundamental tanto no pré quanto no pós-operatório. Isso porque ajuda o médico a determinar a indicação do procedimento e as chances de sucesso do mesmo, avaliar os riscos com maior acuidade e otimizar o processo de recuperação de seus pacientes (reabilitação).

Esse exame também é de enorme valor para o acompanhamento pré-operatório em diversas modalidades cirúrgica, de pacientes cardiopatas, pneumopatas, com excesso de peso e outras comorbidades.

Acompanhamento de pacientes em recuperação do Covid-19

Ainda sabemos muito pouco sobre os efeitos a longo prazo do Covid-19. Infelizmente, diversos pacientes que venceram o vírus encontram um caminho tortuoso em sua reabilitação.

Sabemos, por exemplo, que as funções cardíaca e pulmonares podem ser severamente comprometidas a curto e a longo prazo. Isso torna o teste cardiopulmonar um aliado poderoso no acompanhamento da reabilitação desses pacientes.

Não deixe de fazer o acompanhamento periódico com um cardiologista!

O teste cardiopulmonar desempenha um importante papel na medicina do esporte, diagnóstica e preventiva. Mas não esqueça: os exames de rotina também são importantíssimos!

Mulheres a partir dos 50 anos e homens a partir dos 45 devem fazer acompanhamento com um cardiologista ao menos uma vez ao ano. Também devem realizar o acompanhamento preventivo, atletas e pessoas que praticam exercícios ou esforços físicos com frequência.

Para quem já tem histórico de patologias do coração ou sistema vascular na família, o acompanhamento precisa começar mais cedo: a partir dos 30 anos para homens e a partir dos 40 para mulheres. Outros fatores de risco para doenças cardíacas incluem excesso de peso corporal, consumo de tabaco e bebidas alcoólicas, estilo de vida sedentário e colesterol elevado.

Se você tem dúvidas sobre a frequência com que deve fazer o acompanhamento, converse com seu cardiologista.