Tudo que você precisa saber sobre o teste cardiopulmonar

Você já ouviu falar no teste cardiopulmonar? Esse é um exame muito completo e detalhado, que ajuda o cardiologista a entender muito mais fatores sobre a saúde cardíaca e respiratória de seus pacientes.

Também conhecido como TECP (Teste de Esforço Cardiopulmonar) ou ergoespirometria, esse método diagnóstico é de extrema importância, em diversas áreas da medicina, como por exemplo, cardiologia, pneumologia, medicina do esporte e oncologia.

Esse é um procedimento que combina a realização de esforço físico crescente com monitorização contínua e detalhada dos sistemas cardiovascular, pulmonar e metabólico.

Para isso, a monitorização das respostas clássicas ao esforço são feitas de maneira semelhante ao teste ergométrico (na esteira ou bicicleta). Isso é, são usados eletrodos para realizar o eletrocardiograma e monitoradas medidas de pressão arterial, frequência cardíaca e saturação periférica de oxigênio. Além disso, os sinais e sintomas exibidos pelo paciente durante o exame também são observados pelo médico.

No TECP, essas variáveis são complementadas com a avaliação da função respiratória do paciente. Isso é feito através do uso de uma máscara, permitindo que o médico avalie fatores como consumo de oxigênio.

Isso proporciona possibilidades ampliadas de diagnóstico diferenciado, além de garantir ao médico uma visão mais completa sobre a saúde do seu paciente.

Porque o teste cardiopulmonar é importante?

Quando falamos do teste ergométrico tradicional, é importante entender que a capacidade física do paciente será determinada de maneira indireta.

Isso porque, na ausência das informações sobre a função respiratória, são utilizadas fórmulas para estimar o consumo pico de oxigênio sob esforço físico. Essa estimativa é, então, dividida por mais um valor aproximado: a estimativa de consumo de oxigênio pelo metabolismo em repouso. O resultado dessa conta é uma variável chamada Equivalente Metabólico, ou MET. Esse valor é usado como uma espécie de padrão referencial na ergometria.

Apesar de ter grande utilidade clínica, essa estimativa apresenta uma margem de erro que pode chegar a 20 ou 30%. Em determinados pacientes, essa possibilidade de erro não pode ser tolerada. Quando o assunto são pacientes cardiopatas, em especial aqueles com insuficiência cardíaca, é imprescindível ter precisão.

Diminuir a margem de erro desses testes também é importante na medicina do esporte. Isso porque o consumo de oxigênio tem um papel central na avaliação do desempenho esportivo e na individualização e otimização dos planos de treinamento.

Como é feito o teste cardiopulmonar?

Para transformar a estimativa em uma medida direta do consumo pico de oxigênio durante o esforço físico, o teste cardiopulmonar usa uma máscara facial. Esse equipamento é acoplado a um pneumotacógrafo e um analisador de cases.

Através desses aparelhos, é possível analisar o ar expirado pelo paciente e determinar o pico de consumo de oxigênio, além de outras variáveis importantes. Alguns exemplos são a ventilação e produção de gás carbônico.

A presença de mais variáveis para análise também permite ao médico investigar as interações entre o sistema muscular, cardiovascular e pulmonar. Por exemplo, a relação entre o pico de consumo de oxigênio e a frequência cardíaca estima o inotropismo do ventrículo esquerdo. Isso significa que picos reduzidos podem indicar pacientes com maior risco cardiovascular. O pulso de oxigênio, como essa relação é chamada, também ajuda a identificar a presença de isquemia miocárdica durante o esforço.

Assim, o teste cardiopulmonar permite maior capacidade diagnóstica e prognóstica. Além de importante para pacientes cardiopatas, a análise integrada dessas variáveis também pode ajudar no acompanhamento de patologias do sistema respiratório.

Como é o procedimento para o paciente?

O teste cardiopulmonar se assemelha muito a um teste ergométrico convencional. O paciente precisará fazer exercícios físicos com dificuldade crescente, com o auxílio de uma esteira ou bicicleta ergométrica.

Durante o período do exame, que pode variar entre 8 e 12 minutos, serão acompanhados diversos dados do organismo. Para isso, o técnico usará alguns sensores: medidor de pressão, eletrodos para eletrocardiograma e uma máscara facial. O técnico responsável também irá monitorar os sinais e sintomas demonstrados pelo paciente.

Para que o teste cardiopulmonar é usado?

O teste cardiopulmonar possui diversas aplicações na medicina diagnóstica, preventiva e do esporte. Esse exame se popularizou nesta última, devido sua precisão e utilidade no processo de avaliação de desempenho e otimização ou individualização dos programas de treinamento para atletas profissionais e amadores.

Hoje, essa é uma das principais ferramentas na avaliação e acompanhamento de candidatos a transplantes cardíacos. Além disso, também tem valor inestimável para acompanhar pacientes cardiopatas, pneumopatas, oncológicos, com excesso de peso e no pré-operatório de ressecção pulmonar.

O TCPE também é um grande aliado no momento de prescrever um regime de exercícios físicos para pacientes com as funções cardíacas e pulmonares comprometidas. Através da avaliação precisa das reações do corpo em situações de esforço físico, é possível encontrar um programa de treino que beneficie o paciente sem exacerbar seus limites ou colocá-lo em risco.

A importância do acompanhamento com um cardiologista

Como você aprendeu nesse artigo, o teste cardiopulmonar desempenha um importante papel na medicina diagnóstica e preventiva, tanto como na medicina esportiva.

A promoção da saúde e da qualidade de vida começa no dia a dia. Por isso, realizar os acompanhamentos de rotina é fundamental. Para homens a partir dos 45 anos e mulheres a partir dos 50, o acompanhamento deve ser anual, mesmo sem nenhum sintoma ou histórico de doenças cardiovasculares na família. Pessoas que praticam exercícios físicos ou esforço regularmente também devem fazer o acompanhamento.

Para quem já tem histórico de patologias do coração ou sistema vascular na família, o acompanhamento precisa começar mais cedo: a partir dos 30 anos para homens e a partir dos 40 para mulheres.

Desenvolver hábitos mais saudáveis, como a prática regular de exercícios físicos e a educação alimentar também fará toda a diferença. Agente uma consulta com seu cardiologista e converse sobre o que você pode fazer para cuidar da sua saúde todos os dias.